INVICTOR HVGO, ou O Glorioso Adejo do Fauno ante o Sudário da Musa Impassiva - SONETO ALEXANDRINO PRÓDIGO

Como a subir-me do âmago à garganta o canto

Urdindo dentro em mim mil vates, feito um cancro:

Qual em tom anacreôntico, em pé jamais manco,

Ésquilo uma tragédia em mim vai desenhando.

Brilha o escrínio de Safo, e Homero decantando

O heroico e austero vinho em torno à folha em branco,

Melífluo, à pena lânguida a langonha do antro

Nacara e brune, o bárbito a balir meandro.

Alas! Por que eu voltasse, o parvo ergueu-me bustos,

Ofertaram-me os mares tristes trons onustos,

Reacendeu-me Erato o infátuo fogo brusco:

Omoplatas de prata, escorre, asseando, o muco

Laureando as loas, misturando o lusco-fusco

A hemistíquios iníquos de um aedo eunuco.

Péricles Ventura Neto
Enviado por Péricles Ventura Neto em 09/03/2016
Reeditado em 10/04/2016
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