INVICTOR HVGO, ou O Glorioso Adejo do Fauno ante o Sudário da Musa Impassiva - SONETO ALEXANDRINO PRÓDIGO
Como a subir-me do âmago à garganta o canto
Urdindo dentro em mim mil vates, feito um cancro:
Qual em tom anacreôntico, em pé jamais manco,
Ésquilo uma tragédia em mim vai desenhando.
Brilha o escrínio de Safo, e Homero decantando
O heroico e austero vinho em torno à folha em branco,
Melífluo, à pena lânguida a langonha do antro
Nacara e brune, o bárbito a balir meandro.
Alas! Por que eu voltasse, o parvo ergueu-me bustos,
Ofertaram-me os mares tristes trons onustos,
Reacendeu-me Erato o infátuo fogo brusco:
Omoplatas de prata, escorre, asseando, o muco
Laureando as loas, misturando o lusco-fusco
A hemistíquios iníquos de um aedo eunuco.