Nó na Garganta

Tenho um nó desgraçado na garganta.

É um nó sem começo nem fim; é um nó cego.

Nó que esmigalha os pulsos do meu ego;

torna-me um condenado sacripanta.

Esse nó me pisa e me não levanta.

É velho. De uma antiguidade maia,

que impede tanto que a palavra saia

quanto não deixa que prossiga a janta.

É um conjunto de palavras, somente.

Conjunto tão simples que, simplesmente,

adoraria que não existisse...

Porém, já que existe e me entope a goela,

faço da noite amiga a sentinela:

passo a escrever tudo o que nunca disse.