Asa em queda-libre
“A ave era antropomorfa como um anjo e solitária como qualquer poeta”
(Jorge de Lima)
Sombra da ave-horror, máscara humana!?
Ó cacho de condores na balsa submarina!
Carruagem peninsular da horda romana...
Na passagem secreta em era de lamparina
Ilusão sombria como spiritus-de-fogo
Vespeiros, vozes vorazes, nada dizem
Qual angústia-doce no juízo dos tolos...
Dúbia-razão dos anjos que se bendizem
Senão, órbita nula das estrelas caídas
Ou, sólido-poeta em brasa jaz diluído...
Sob a pena solta no pântano de chumbo
Donde se liquefazem todos naufrágios
Assim, náufrago ao rumo do sul-frágil
Todo oculto pelo bálsamo dos tombos