Asa em queda-libre

“A ave era antropomorfa como um anjo e solitária como qualquer poeta”

(Jorge de Lima)

Sombra da ave-horror, máscara humana!?

Ó cacho de condores na balsa submarina!

Carruagem peninsular da horda romana...

Na passagem secreta em era de lamparina

Ilusão sombria como spiritus-de-fogo

Vespeiros, vozes vorazes, nada dizem

Qual angústia-doce no juízo dos tolos...

Dúbia-razão dos anjos que se bendizem

Senão, órbita nula das estrelas caídas

Ou, sólido-poeta em brasa jaz diluído...

Sob a pena solta no pântano de chumbo

Donde se liquefazem todos naufrágios

Assim, náufrago ao rumo do sul-frágil

Todo oculto pelo bálsamo dos tombos

Gilberto Oliveira
Enviado por Gilberto Oliveira em 05/03/2016
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