Dizer adeus sem mágoa nem ferida
Dizer adeus sem mágoa nem ferida,
Cair no precipício como pedra:
Dura e insensivelmente. Quem me dera...
E ter um peito calmo como ermida.
Querer só o que quer a margarida,
Vestir, feliz, o outono e a primavera.
Extinto um sonho, crer noutra quimera,
E ser só gratidão na despedida.
Ser frutífera árvore que atravessa
As estações e pulsa suavemente
Sob o sol, a noite, a brisa e a tormenta.
Mas este coração, que sangra à beça,
Só na poesia é planta e pedra e gente,
E mesmo descontente se contenta.