Despedida

DESPEDIDA

Amor, tenho pavor à despedida,

Mas se um dia vier a acontecer,

Não seja o derradeiro de uma vida

Que seja como um novo amanhecer...

E se eu disser adeus, então, me abrace,

Se for o último adeus - que dor atroz,

Com um sorriso enxuga a minha face,

Depois do pranto e de calar a voz.

Quando eu disser adeus, então, sorria,

Com um leve disfarce de alegria -

Num gesto de tristeza disfarçada!

Eis que assim, vá levando uma esperança,

Sem a triste fadiga da provança,

No arquejo de uma dor inconfessada!

Escrevi este soneto pensando interagir com o soneto que transcrevo abaixo, de Alphonsus de Guimaraens, um dos principais poetas do simbolismo brasileiro:

Quando eu disser adeus

Quando eu disser adeus, amor não diga

adeus também, mas sim "um até breve";

para que aquele que se afasta leve

uma esperança ao menos na fadiga

da grande, inconsolável despedida...

Quando eu disser adeus, amor, segrede

um "até mais" que ainda ilumine a vida

que no arquejo final vacila e cede.

Quando eu disser adeus, quando eu disser

adeus, mas um adeus já derradeiro,

que a sua voz me possa convencer

de que apenas eu parti primeiro,

que em breve irá, que nunca outra mulher

amou de amor mais puro e verdadeiro.

Onofre Ferreira do Prado
Enviado por Onofre Ferreira do Prado em 04/03/2016
Reeditado em 08/08/2018
Código do texto: T5563686
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