Despedida
DESPEDIDA
Amor, tenho pavor à despedida,
Mas se um dia vier a acontecer,
Não seja o derradeiro de uma vida
Que seja como um novo amanhecer...
E se eu disser adeus, então, me abrace,
Se for o último adeus - que dor atroz,
Com um sorriso enxuga a minha face,
Depois do pranto e de calar a voz.
Quando eu disser adeus, então, sorria,
Com um leve disfarce de alegria -
Num gesto de tristeza disfarçada!
Eis que assim, vá levando uma esperança,
Sem a triste fadiga da provança,
No arquejo de uma dor inconfessada!
Escrevi este soneto pensando interagir com o soneto que transcrevo abaixo, de Alphonsus de Guimaraens, um dos principais poetas do simbolismo brasileiro:
Quando eu disser adeus
Quando eu disser adeus, amor não diga
adeus também, mas sim "um até breve";
para que aquele que se afasta leve
uma esperança ao menos na fadiga
da grande, inconsolável despedida...
Quando eu disser adeus, amor, segrede
um "até mais" que ainda ilumine a vida
que no arquejo final vacila e cede.
Quando eu disser adeus, quando eu disser
adeus, mas um adeus já derradeiro,
que a sua voz me possa convencer
de que apenas eu parti primeiro,
que em breve irá, que nunca outra mulher
amou de amor mais puro e verdadeiro.