/As viagens de um pensador/  Às vezes o leva a caminhos sombrios / Mas aqueles que não renegam às vozes da poesia/ Aprendem que no mundo das letras / Nem ele próprio tem o auto-controle / Dos versos que nascem de uma centelha... / Mas que da abstração até a geração dos pixels... / Muita há de renovar-se.../ Nesta metamorfose constante/ Entre homem e linguagem /



GRADES DO SUBMUNDO

E nas entranhas da terra caminha o desprezível 
Fora condenado pela sã ou pérfida sociedade
No olhar está chumbado o brasão da maldade 
Que reflete no vermelho-fogo o indescritível... 

O voo do corvo é sempre traiçoeiro e 
invencível  
Por que nas coronárias repousou a mortandade
Devastou-se amiúde as rosas da divina piedade
Neste calabouço o canto angelical não é audível 

E um vagante clama por uma única alvorada 
Quão magnânimo seria  rever o raiar do louro-sol
Mas os gritos assassinos desafiam a madrugada

Alguém a suplicar às luzes potentes dum farol    
Garras do tormento deixaram sua alma aniquilada  
E num filete de lágrima - lembranças dum arrebol



( Fábio Ribeiro - Mar/2016 )