na campa
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aqui, na campa, neste antro horrível
cavo um túmulo perfeito, mui fundo
para que os abutres deste mundo
não tornem o corpo irreconhecível
entregar-me-ei ao verme desprezível
que, embora necrófago e imundo
não devorará a carne num segundo
dentro de mim pastará imperceptível
cápsula funéria de puro pinho
com ouro embutido e forro de linho
cetim azul com pétalas de amor..
aqui esperarei que me venha a morte
para que num golpe certeiro corte
o sangue das goelas da minha dor.
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