NAS ÁGUAS DO NOSSO ODIANA * Miragem estival
Miragem estival (ou a nostalgia do perdido Al-Ândalus)
Ah, meu amor, que bem me sabe o teu dulçor,
idílico sabor silvestre de medronho!
Que mágico elixir dos deuses e do sonho
da tua boca eu sorvo em êxtases de amor!
Minh’alva a mergulhar no nosso amado Odiana,
desnuda e pura ousando abraços de ternura,
vem descansar depois nos braços da tontura
que estendo para ti na sombra transtagana.
Eu tenho para dar-te açorda de poejos
e peixe que pesquei enquanto tu dormias
e à sobremesa o ardor de beijos, muitos beijos…
Terás, ao fim da tarde, o incêndio do sol posto
e enleios de abandono afogueando o teu rosto
sonhados quando dada em mim adormecias.
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 21 de Dezembro de 2015.