NAS ÁGUAS DO NOSSO ODIANA * Miragem estival

Miragem estival (ou a nostalgia do perdido Al-Ândalus)

Ah, meu amor, que bem me sabe o teu dulçor,

idílico sabor silvestre de medronho!

Que mágico elixir dos deuses e do sonho

da tua boca eu sorvo em êxtases de amor!

Minh’alva a mergulhar no nosso amado Odiana,

desnuda e pura ousando abraços de ternura,

vem descansar depois nos braços da tontura

que estendo para ti na sombra transtagana.

Eu tenho para dar-te açorda de poejos

e peixe que pesquei enquanto tu dormias

e à sobremesa o ardor de beijos, muitos beijos…

Terás, ao fim da tarde, o incêndio do sol posto

e enleios de abandono afogueando o teu rosto

sonhados quando dada em mim adormecias.

José-Augusto de Carvalho

Alentejo, 21 de Dezembro de 2015.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 28/02/2016
Reeditado em 03/08/2018
Código do texto: T5557812
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