o retrato

~

a alma dói-lhe de sabê-la mui distante

aramada, e nua, qual ave em gaiola

que canta ao ritmo de plangente viola

tais mágoas, ninguém, ninguém há que cante

lembra-se, de simples coisas: cantadas

e risos qu'eram praias d'areias sem fim..

lembra-se, mescla de cinza e carmim

mescla de crepúsculo e madrugadas

assim a tem, em retrato, brumosa

adornada com pétalas de rosa

transmutada em cadáver vegetal

e cada vez que fixa nela o olhar

quando a vidraça parece estalar

sente, a lâmina fria do punhal

~

Luís R Santos
Enviado por Luís R Santos em 27/02/2016
Reeditado em 27/02/2016
Código do texto: T5556873
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