Deixa o meu samba chorar
Oh espírito brasileiro, a alma da ginga,
Com tantos amores e festeiros,
A vida vou viver primeiro,
Vou beber, vou provar da pinga…
Oh amor, amantes, forasteiros,
Os gringos vem aqui dançar,
A música vem no tom certeiro
Para uma morena eu encontrar…
Dói o samba na dança do coração,
A lembrança da batida e do violão,
Quantas meninas dançam pela madrugada,
Quantas noites amaram-se da forma errada…
Que a música cresça e, entre todas
As músicas, sambe o samba brasileiro,
Sambe o sambista, o artista batuqueiro,
Que seja o samba dos modistas a moda…
Chora o cavaquinho, chora a rainha,
A rainha do samba, de cada escola,
Que chore o homem pelo que vinha
E pelo que vai na passarela toda
Pintada e enfeitada com a cultura
Nacional, vem nação indígena,
Vem enfeitar a banda futura,
Vem crianças prodigiosas,
E a dança e o ritmo enfeitam,
O som encanta, cada sambista
Samba, os participantes encantam,
Morre o branco egoísta…
E a obra resplandece e o belo
É mostrado pela passarela,
Cada artista que fê-lo
Sabe que o samba quem samba é ela:
A mulher brasileira, a musa
Dos poetas do samba,
Algumas serias, outras medusas,
Mas assim cada uma faz fama…
E, assim me despeço
Pelo escrito que deixo,
Eu seu tempo lhe peço
Com meu canto te mexo…
Não deixes que o branco te dome,
Seja brasileiro índio natural,
Chore como o povo onde dorme
No coração dessa gente sentimental…