Fruto de um Vento

Posta está a mesa, é noite. Foi-se o dia.

Por meus pensamentos passam mulheres

que não quero, enquanto ajeito os talheres.

Sento... e a outra cadeira jaz vazia.

Passa o tempo, empilho a louça na pia.

Pergunto à solidão: quem mora em ti?

"Em mim ninguém não mora. Eu moro aqui."

Sou bobo. Ela não veio... eu já sabia.

E enquanto eu envelheço, o tempo passa

sorrindo para mim, meio sem graça.

Percebo agora, em golfos d'armargura,

que quem eu vi sair e não voltar

foi vento vindo de nenhum lugar.

Talvez seja fruto de uma loucura.