NADA
Vivo a cantar o nada,
e o nada me fascina,
existência atribulada
da platéia da vitrina.
Idéia tão inconstante
o olhar não estabiliza
no horizonte distante
sem linha de divisa.
Nada, patético clamor
no segundo derradeiro,
um apelo quase mudo.
- Por que ficaste, amor?
O nada fende o ar, ligeiro.
Nada não é nada. É tudo.