Silêncio absoluto
Desconheço esse instante, talvez jamais tenha existido,
Quis buscá-lo na profundeza de tudo, inclusive na minha,
Dentro de mim é agitado e tudo tem movimento e ruído,
De fora, folhas caem, ondas batem; vento que desalinha.
Quando a manhã acordou seus cílios se tocaram, estalido.
O silêncio que era para existir foi quebrado minimamente,
Lá adiante na solidão, sem nenhuma voz, ouve-se gemido,
O frio era forte; dava para escutar seu arrepio claramente.
Do estalinho da semente ergue-se broto, folhas se beijam.
E são entendidos naqueles passos os sons da coreografia,
Escuta-se com nitidez naquela figura a voz doce da poesia.
Os pássaros jamais se calam e em revezamento festejam,
E mesmo calados há uma música tocando dentro da alma,
Desconheço o silêncio absoluto; somente tempo de calma.
Uberlândia MG
Soneto infiel – sem métrica
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