Silêncio absoluto

Desconheço esse instante, talvez jamais tenha existido,

Quis buscá-lo na profundeza de tudo, inclusive na minha,

Dentro de mim é agitado e tudo tem movimento e ruído,

De fora, folhas caem, ondas batem; vento que desalinha.

Quando a manhã acordou seus cílios se tocaram, estalido.

O silêncio que era para existir foi quebrado minimamente,

Lá adiante na solidão, sem nenhuma voz, ouve-se gemido,

O frio era forte; dava para escutar seu arrepio claramente.

Do estalinho da semente ergue-se broto, folhas se beijam.

E são entendidos naqueles passos os sons da coreografia,

Escuta-se com nitidez naquela figura a voz doce da poesia.

Os pássaros jamais se calam e em revezamento festejam,

E mesmo calados há uma música tocando dentro da alma,

Desconheço o silêncio absoluto; somente tempo de calma.

Uberlândia MG

Soneto infiel – sem métrica

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Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 23/02/2016
Reeditado em 23/02/2016
Código do texto: T5553182
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