SAMIRA & VIVIANE

Ou

«A voz dos inocentes»

Há mágoas que escorrem para além do Tejo,

Não adianta verter lágrimas de crocodilo,

Que a máscara da dor é um vergonhoso estilo

Neste insensível mundo sem alma nem desejo.

A voz dos inocentes contrasta no cortejo

Das infaustas misérias que medram em sigilo

Na vil lamentação de um silêncio tranquilo

E na justiça imberbe que age qual bocejo.

Nas traiçoeiras mãos da maternal demência

E nos paternais braços do polvo inconsciente

Vão em frágil canoa, Samira & Viviane…

Na aurora destas vidas já não há clemência

Nem a coragem de um abraço frente a frente

Que a todo o mundo justifique e não engane…

Para quando o rasgar das máscaras e cruezas

E um assumir daquela esperança que acalente

Um futuro risonho das crianças indefesas?

Ai, o tempus, o mores… ai, ó lei insana,

Quem te coloca o freio da errância desumana?

Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 23/02/2016
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