CALVÁRIO
Definhando a visão nessas pontes flamejantes
Sentado sob o meu trono de escaras abertas,
O eco da vida berra e revela-me os instantes
Que aniquilei cavalgando por estradas incertas.
Essa imutável insana criatura range agonizante
E a su'alma esquartejada pelo pesar é coberta,
Faz que apodreça meu ar num martírio ofegante
Sendo retalhado pela foice... duma morte certa.
Pranto e o tempo escorrem pela face calejada
E em riste, uma rascante e infernal gargalhada;
É o brado retumbante da dor e arrependimento.
Tostando o resto da vida parado no meu lugar
Imortalizei esses frios olhos vendo ela passar
Por caminhos fragmentados pelo meu lamento.
14 de Janiero de 2016