O leme
Ai, Solidão, entrego-te uma prece:
Tu, cujo nome a Humanidade teme,
Hás de doar-me, por favor, o leme
Dessa paixão que sobe aos céus e desce;
Jura e desmente; bravateia e teme.
Prepara a ida, mas não vai. Esquece.
Apanha, esfria; toma um vinho, aquece.
Faz-se feliz, daí a pouco geme.
Quero aprender a dirigi-la, e só.
Sabes por quê? - Porque eu respiro dela,
Mas sem controle eu vivo de socorro.
Não me acompanhes, Solidão. Tem dó!
Dá-me seu leme, entrega-me a tutela
E vai embora de uma vez (ou morro).