MEMÓRIAS DO VERÃO

Olho a chuva da porta de casa.
Gosto da chuva, como gosto de ti.
Gosto de ti como gosto da asa
que me levou no vento de onde parti.

De tudo o que me trouxe aqui
há um querer, um jeito de estar,
um pedaço de vida, uma nota si,
sem bemol, uma música no ar.

Olho, pois, a vida, ela feito maio
do outono que Pedro não queria
de chuvas e, sonhador, ensaio

te ver na praia que ainda insiste
lembrar biquinis, sobras de dia,
a chuva, tudo o que já não existe.