Desentortando versos

Era para ser triste o poema que eu ia escrever,

E foi no verso seguinte que o verbo eu mudei,

Coloquei sorrisos; e sonhos bons pude prever,

Expressões que pudessem ferir; todas eu tirei.

Eu escrevi muitas flores e a tristeza foi embora,

Usei gradações, dessa mágoa nenhum prurido.

E escrevi tanta coisa boa por esse poema afora,

Talvez tenha até ficado comigo meio ofendido.

Mas nem liguei, eu que escrevo meus caminhos,

Sou eu que varro o que para mim não tem valor,

Foi por isso que derramei no papel o meu amor.

Ordenei ao vento para que levasse os espinhos,

E mostrou-me uma clareira que eu podia pintar,

Desentortei o poema triste só para ele me alegrar.

Uberlândia MG

Soneto infiel – sem métrica

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Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 15/02/2016
Código do texto: T5544829
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