Desentortando versos
Era para ser triste o poema que eu ia escrever,
E foi no verso seguinte que o verbo eu mudei,
Coloquei sorrisos; e sonhos bons pude prever,
Expressões que pudessem ferir; todas eu tirei.
Eu escrevi muitas flores e a tristeza foi embora,
Usei gradações, dessa mágoa nenhum prurido.
E escrevi tanta coisa boa por esse poema afora,
Talvez tenha até ficado comigo meio ofendido.
Mas nem liguei, eu que escrevo meus caminhos,
Sou eu que varro o que para mim não tem valor,
Foi por isso que derramei no papel o meu amor.
Ordenei ao vento para que levasse os espinhos,
E mostrou-me uma clareira que eu podia pintar,
Desentortei o poema triste só para ele me alegrar.
Uberlândia MG
Soneto infiel – sem métrica
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