'Poe(ma)sculino'

Horizonte, esconderijo do sol, expediente se encerra,

Encosta-se à cadeira e coloca a tampa naquela caneta,

Alonga as pernas e por alguns minutos os olhos, cerra,

Afrouxa a gravata marinho e fecha com o pé a gaveta.

A última xícara de café e a porta, ele fecha atrás de si,

Atravessa a rua, entra em um modesto bar em frente,

Uma cerveja, um cigarro, olhar perdido e fica por ali,

O amigo chega ,o acompanha, pede outra de repente.

E pede mais bebida, a hora passa e já são quase dez,

Segunda feira, primeiro dia, jantar em casa o espera,

Chega depois das onze, bafo de onça, encontra a fera.

Fez disso uma rotina, vida sem graça, olhado de viés,

O filho mal vê, da sua companheira perdeu o carinho,

_E além do boteco, o que mais teria em seu caminho?

Uberlândia MG

Soneto infiel – sem métrica

http://raquelordonesemgotas.blogspot.com.br/

Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 15/02/2016
Reeditado em 15/02/2016
Código do texto: T5544310
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