QUARTA DE CINZAS

QUARTA DE CINZAS

A quaresmeira explode em roxo e luto

Enquanto mais foliões dormem ao sol.

Caem a serpentinar em caracol

Fitas rosas ao vento dissoluto...

Observava em silêncio e me computo

Um fim de festa feito peixe ao anzol:

Se sim, morro da fome algo d'escol;

Se não, vivo a nadar no nada, arguto.

Resta observar que a vida continua,

Apesar dos excessos e misérias,

A confrontar com coisas tão mais sérias.

Mas nada mais crescente por sob lua.

Afinal, eu sou pó que volta ao pó

Na cinza recebida ao olhar tão só.

Betim - 09 02 2016