Coletânea de oito sonetos
 
Luiz Carlos Pais
 
José Paes organizou uma coletânea de oito sonetos de sua autoria, em 1984, na forma de um livreto datilografado, que recebeu o título de “O Livro”. A temática escolhida pelo poeta de São Sebastião do Paraíso, MG, presta uma homenagem à memorável obra de Castro Alves, O Livro e a América, de onde foram extraídos os versos abaixo para apresentar a coletânea de sonetos:
 
Oh! Bendito o que semeia
Livros... Livros a mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n’alma
É gérmen, que faz a palma,
É chuva, que faz o mar.
 
Logo na introdução da coletânea que não foi publicada, José Paes esclarece que a ideia de escrever essa série de sonetos surgiu como motivação de um prêmio nacional de poesias que havia recebido no ano anterior, 1983, quando foi classificado na honrosa posição de terceiro lugar, ao participar do Segundo Concurso Nacional de Sonetos. Esse evento literário foi promovido pela Casa do Poeta Lampião de Gás, de São Paulo, que mantinha o jornal poético “O Fanal”, onde o poeta paraisense publicou diversos sonetos na década de 1980. Essa entidade literária foi fundada em 1948, pela poetisa parnasiana de Yde Schloenbach Blumenschein, mais conhecida como Colombina.
 
Por ocasião da realização do referido concurso de 1983, presidiam a Casa do Poeta Lampião do Gás, as poetisas Adélia Victória Ferreira e Noemise Machado França Machado. A classificação no concurso rendeu ao meu saudoso pai o Prêmio Castro Alves, constituído de um troféu e de um diploma. A premiação foi realizada no dia 15 de Maio de 1984, no auditório da Associação Paulista de Imprensa, no Bairro da Liberdade, contando com a presença do meu pai, acompanhado de minha mãe, Terezinha Lizarelli Paes. Abaixo, encontra-se transcrito o primeiro soneto da série “O Livro”:
 
Bendisse o nobre vate em estro repentino,
E eu bendigo também em meus versos agora,
Quem bons livros semeia e lhes é paladino,
À luz do dia, à noite, ao rosicler da aurora!...
 
Luzeiro cultural embora pequenino,
O livro descortina o mundo tempo em fora:
De maneira suave esparge o belo ensino
Combatendo o negror que tanto se deplora.
 
E caindo feliz no espírito exigente,
É raio que ilumina os cosmos mais diversos,
É do infindo saber a fecunda semente.
 
Ó poeta imortal! De glória em que te alteias,
Bendize mais, e sempre, em majestosos versos,
Quem vive a semear bons livros a mancheias.