O Livro
José Paes
Bendito aquele me sorrindo faz,
De livros, a exemplar semeadura,
De onde se esparge a luz que mais fulgura
Aos lugares de treva pertinaz!
O livro recebido em plena paz
No seio da alma ansiosa de cultura,
É centelha, que em sol se transfigura,
É semente, que pomos de ouro traz.
Semente loura de virtude rara,
Sempre oferece esplêndida seara,
E quantos frutos do saber produz!
Centelha de perene brilho imenso,
Faz elevar-se o mais humilde senso,
E dentro de alma, é uma explosão de luz!
Soneto de autoria do meu finado pai, o poeta e sapateiro José Paes. Lembro-me que era uma sapataria diferente. Entre os sapatos expostos na estante havia livros, ideais socialistas, lembro-me do romance de Vitor Hugo. A oficina era frequentada regularmente por literatos, músicos e tantos personagens inesquecíveis de minha primeira escola da década de 1960.
José Paes
Bendito aquele me sorrindo faz,
De livros, a exemplar semeadura,
De onde se esparge a luz que mais fulgura
Aos lugares de treva pertinaz!
O livro recebido em plena paz
No seio da alma ansiosa de cultura,
É centelha, que em sol se transfigura,
É semente, que pomos de ouro traz.
Semente loura de virtude rara,
Sempre oferece esplêndida seara,
E quantos frutos do saber produz!
Centelha de perene brilho imenso,
Faz elevar-se o mais humilde senso,
E dentro de alma, é uma explosão de luz!
Soneto de autoria do meu finado pai, o poeta e sapateiro José Paes. Lembro-me que era uma sapataria diferente. Entre os sapatos expostos na estante havia livros, ideais socialistas, lembro-me do romance de Vitor Hugo. A oficina era frequentada regularmente por literatos, músicos e tantos personagens inesquecíveis de minha primeira escola da década de 1960.