Nem o vento
A casa está vazia. O vento zumbe
um pouco em cada vão; Mas só da sala
até o corredor... Depois se cala,
Porque ao quarto frio não vai, sucumbe.
Se chega muito perto trava, entala,
Gira em redemoinho, sobe e volta;
Sacode as prateleiras, treme a porta,
Promete um furacão, desfaz-se, exala.
Depois que ela se foi é sempre assim,
Ninguém visita o quarto além de mim
- Qual fosse regalia eu me contento.
É que a saudade habita este lugar
E eu sei que ninguém mais pode aguentar:
Nem tu nem os poetas nem o vento.