O INVERNO NO SERTÃO

Um nevoeiro bem grosso corta o nascente,

Uma barra escura da cor de um azulão,

Um arco-íris colorido tomando a frente

E o ronco estrondoso de um forte trovão.

À noite no riacho é grande a enchente,

O açude já cobre qualquer um no porão

E os sapos cantando alegremente

O enredo que Deus fez para o sertão.

O rio com água de barreira a barreira,

Um barulho danado na cachoeira

E uma lata aparando água na bica.

No dia seguinte o trator e o arado

Reviram a terra, o roçado é plantado,

Três meses depois tem milho e canjica.