MINHA LÍNGUA

MINHA LÍNGUA

BETO MACHADO

Minha língua não se ocupa do viver dos outros,

Pois, do meu, o peso quase não suporta.

E se eu não tratar bem meu coração a aorta

Toma a decisão dos pés dos potros.

Coices e pinotes serão certos,

Horizontalizando o velho corpo.

Enquanto não se der, meu cérebro, por morto,

Falo só de mim, com olhos bem abertos.

E por falar na minha língua,

Remeto meu pensar aos pés da nossa.

Lusitana d’além mares, viva e bela,

Fincando no Brasil fulgor e bossa,

Unindo continentes, povos e etnias,

Com versos de Camões, Gandi e Mandela