A doce lacuna da pena
Quem os vastos desertos erra inteiros
com um largo sorriso pelos dentes,
sabe que não existem solos quentes
e imunes ao andar de um pioneiro.
A grama verdejante ao pé do outeiro,
que reconforta as carnes decadentes,
não se vê nestas áreas indolentes
que emudecem o canto alvissareiro.
A poeira que se ergue em colunatas
lentamente desfaz as grandes dunas,
e, aérea, voeja pelas densas matas
do oásis que se esconde em meio à areia
— um antro de prazer, doce lacuna
da pena, esta que o corpo tanto anseia...