Por ti, (soneto quádruplo)

Por ti, (soneto quádruplo)

Por ti, só por ti, sofri amarguras

Mil atrocidades, desventuras

Por ti, só por ti, aguentei a dor,

Tão grande era, e foi o meu amor

Se lá do alto, nas penas da discórdia

Deus não teve por mim misericórdia

Ao menos as musas, com mais concórdia

Acompanharam minha trajetória

O amor primeiro, justo, verdadeiro

Sem pejo nem brio, no atoleiro

Tu jogaste, sem ao menos tê-lo

Amparado na dor alucinante

Que me rasgou a alma e o semblante

Pra hoje em ti, tornar-se pesadelo

II

Talvez seja alucinação minha

O amor que meu coração continha

Talvez seja o amargor da derrota

Da simbiose aurícula e marota

Talvez seja um lampejo de loucura

Num coração partido, impostura

Talvez seja, o querer que não se almeja

Ou o fútil desejo por quem seja

Talvez seja, a dor do sofrimento

Inútil que por ti, sem alento

Passei, sem nenhum merecimento

Com outro te encontrei, e o lamento

Da dor que gerou teu casamento

E até hoje envolve meu pensamento !

III

Amargura, dor e sofrimento

Foi tudo que me trouxe teu amor

Pra quem esperava nele o alimento

Encontrou, foi o calvário da dor

E se desse martírio consentido

Nenhuma outra coisa sobreveio

Não me considero arrependido

Da ilusão do amor que foi meu esteio

Na imensidão descomedida da dor

Tu, sempre foste meu grande amor

E peço a Deus que lá das alturas

Te dê alento nas sepulturas

Ao partires deste mundo,com pesar

Por teres-me trocado, sem pensar !

IV

Um castelo de areia em minha mente

Criei com sonhos vãos de teu amor

Ao invés de pensar naturalmente

Deixei-me levar nas ondas, ao sabor

A vida, é a ilusão dos iludidos

Quimera panaceia de ilusões

De amores não correspondidos

Castelo de areia de paixões

Onde fenecem esperanças de amor

E os grilhões da inveja e da cobiça

Trescalam, tangenciando a dor

Que o infortúnio às vezes quer impor

Ao destino anêmico que atiça

Tal chaga que se alastra ao redor !

São Paulo, 19/01/2016 às 0,3 hs. (data da criação)

Armando A. C. Garcia

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