MEUS AIS
Continuo solitário nesta noite
gélida, a corroer-me a pele branca;
e, nesta poesia tanto franca,
venho dizer-te com certo afoite,
embora, o tempo em mim, se enoite!
E eu, sem a derme nácar de uma anca...
O relógio, sequer para, estanca...
E a solidão nesse cruel açoite,
a castigar-me com o seu chicote!
E eu, sem saber, ao menos, nenhum dote,
que me livre pra sempre desse carma...
Vou vivendo com meus ais, esses dias,
sempre dizendo meu sofrer em poesias,
e, sem usufruir, qualquer lucarna!