Soneto do fim
Neste momento o límpido cristal
que retinha as essências de nós dois
partiu-se e fez-se ruínas; e depois
há de perder-se a seiva virginal
que o nosso amor regava, à luz fatal,
o terrível fulgor de altos faróis
a prenunciarem nosso termo, pois
não há o que é sempiterno ou imortal.
E não espero então que tu influas
para unir os pedaços de um adeus,
que já são cacos, pilhas de destroços...
Porque as dores e angústias foram tuas,
os prantos derramados foram meus
e os sonhos desse amor não foram nossos.