MINHAS CINZAS

Uma roseira com rosas violetas,  
Dia e noite eu vejo reclinada,
Derramando fragrância tão discreta,
Sobre minha última e fria morada.   

Até aqui foi uma viagem só de ida,
A travessia que fiz foi solitária,
Cortei todas as raízes na partida,
Tudo que ao fútil mundo me prendia.
 
Fui, um dia, feliz; fiz do amor a minha voz,
Qual rio que serpenteando procura a foz,
Pois no abraço do oceano quer repousar...
 
Assim jazo, sob o céu e esta roseira,
Ouvindo as aves cantar horas inteiras,
Eu, que queria minhas cinzas sobre o mar... 


©  Ana Flor do Lácio

 
 
Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 14/01/2016
Reeditado em 07/02/2016
Código do texto: T5511212
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.