MEGERA

"Nenhuma ignota união ou nenhum nexo/ À contingência orgânica do sexo/ A tua estacionária alma prendeu..." (Augusto dos Anjos)

MEGERA

Enfim, calaste a voz da afeição enternecida!

Mataste-a com o cepo do ciúme sem clemência

Veneno que corrói relações de dependência

E estereliza o amor: combustível para a lida

Regojiza-te com conveniência polida

Em projeções débeis de um futuro de carência

Presa a uma rotina histérica de demência

E essa vã superioridade arcaica falida!...

Jamais deterás a força suprema nascida

No amor que transcende o tempo pra tornar-se vida,

Alheia a sua astronômica peçonha ronha

Não tardará e serás só resto fúnebre vão;

Repasto de verme cemiterial, anão:

Foto esquecida sobre uma lápide medonha!

(Edna Frigato)

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Hoje, dormes com a suprema coroa da arrogância,

Amanhã, acordas como húmus, nutrindo a imundice do mundo! (Edna Frigato)