À beira de um penhasco imensurável
À beira de um penhasco imensurável
a frontear um atro mar de trevas,
onde os ventos a esmo, com suas levas
de ar, rolam o teu corpo deplorável.
E é naquele brilho tão afável
que em meio a noite fulge, e tu enlevas
teu espírito nele, mas te entrevas
no amargor de um vazio descartável,
onde se oculta a inútil fantasia.
Mas antes que mergulhes da erma altura,
há uma mão que o detém e reconforta.
Porque quando a penar na noite fria,
em meio a tristes prantos, na paúra,
Deus sempre há de bater em tua porta.