Íntimo Desejo

"Toma um fósforo. Acende teu cigarro!/ O beijo, amigo, é a véspera do escarro,/ A mão que afaga é a mesma que apedreja." (Augusto dos Anjos)

Íntimo Desejo

Pronto pra desfigurar meus traços anatômicos

Ele ruge agudo em meu ouvido como fera

Ansioso em devorar a rósea carne espera

Para satisfazer seus caprichos gastronômicos

Ao abrir a boca podre, exala odores crônicos

Expõe espurcos caninos finos de outra era.

Sua sanguinolenta língua ególatra a vera

Deixa a mostra uma colônia de vermes gnômicos

Com excessivo nojo o olho, sem sombras alvíssaras

Enojada, sinto que vou vomitar as vísceras...

E toda maldade deixada em mim putrescível

No impulso agonizante da iminência da morte,

Trêmula, enfio dois dedos na garganta e, com sorte,

Vômito a perfídia imagem tua desprezível!

(Edna Frigato)

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Ah! Esta é a noite dos vencidos!

É a podridão, meu velho!

(Augusto dos Anjos)

ÍNTIMO DESEJO

Pronto pra desfigurar meus traços anatômicos

Ele ruge incisivo em meu ouvido, como fera;

Ansioso em devorar a alva carne, última quimera,

E satisfazer seus caprichos gastronômicos...

Ao abrir a boca pútrida, imoral sanguinolenta

Expõe os caninos afiados _ terror incognoscível_

Exala um bafo quente de sangue podre terrível,

Exibindo uma colônia de bactérias nojenta!

Pra expressar tamanho asco, deveras...

Teria eu de vomitar coração e as vísceras,

A crueldade, frieza e esse teu odor putrescível,

Na ânsia agonizante da iminência da morte

Enfio um, dois dedos na garganta, e com sorte

Vômito tua perfídia, e a vã imagem desprezível!

(Edna Frigato)