Último lenitivo na poesia
As estrelas que riscam todo o céu
com o brilho das pratas fulgurantes,
são o fiel espelho do que eu antes
era capaz de pôr sobre o papel.
Como descesse agora o negro véu
sobre todos os entes cintilantes,
tetra bruma levou qualquer gestante
que no ventre gerava um menestrel.
Agora, infértil, a mente se lamenta
e debalde — eu percebo — ela ainda tenta
acender uma luz qualquer que reste.
Mas mesmo assim é inútil seus esforços,
e havemos de ficar por entre os nossos
suspiros, sob o manto que a reveste...