Último lenitivo na poesia

As estrelas que riscam todo o céu

com o brilho das pratas fulgurantes,

são o fiel espelho do que eu antes

era capaz de pôr sobre o papel.

Como descesse agora o negro véu

sobre todos os entes cintilantes,

tetra bruma levou qualquer gestante

que no ventre gerava um menestrel.

Agora, infértil, a mente se lamenta

e debalde — eu percebo — ela ainda tenta

acender uma luz qualquer que reste.

Mas mesmo assim é inútil seus esforços,

e havemos de ficar por entre os nossos

suspiros, sob o manto que a reveste...

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 05/01/2016
Reeditado em 05/01/2016
Código do texto: T5501122
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