SONETO DO CAPITALISTA RELIGIOSO
Deus, concedei-me a graça de ser rico
P’ra das coisas extrair meu desfrutar
Da matéria, insensível como o mar
E suficiente em si no outro, como abrigo.
Oh, elemento vil, dinheiro reativo,
Condutor da raça humana, triplicar
Ensejes sempre, projetes meu olhar
À tua glória almejada por todo vivo.
Indiferença eu apresente à dor alheia
Quando, por ela, agir em venal favor,
Do contrário, serei cortado na veia
Por mão que, como a minha, não chora a dor
De alguém, mais um, na disputa da ameia,
Cuja altura sangra ao que condor não for.