E se eu me revessasse?

E se eu jogasse minha rasura na minha profundeza?

E se eu fuçasse minha alma com pontas dos dedos?

E se eu combinasse meu ser humano com natureza?

E se eu escrevesse poemas em diários de segredos?

E se eu te doasse a chave de todos os meus arcanos?

E se eu colocasse os arrepios da minha tez no coração?

E se o meu silencio gritasse o teu nome sem enganos?

E se eu trocasse minha transparência por rubra paixão?

E se eu baralhasse minha feiura na minha delicadeza?

E se eu fosse uma calçada que atravessasse minha rua?

E se tu me amasses do meu jeito, além de nua e crua?

E se eu me revessasse de mim, com absoluta certeza?

E se eu me pendurasse na ponta das estrelas e sonho?

E se esse meu revessar for assim: um tanto medonho?

Uberlândia MG

Soneto infiel – sem métrica

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Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 04/01/2016
Código do texto: T5500479
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