E se eu me revessasse?
E se eu jogasse minha rasura na minha profundeza?
E se eu fuçasse minha alma com pontas dos dedos?
E se eu combinasse meu ser humano com natureza?
E se eu escrevesse poemas em diários de segredos?
E se eu te doasse a chave de todos os meus arcanos?
E se eu colocasse os arrepios da minha tez no coração?
E se o meu silencio gritasse o teu nome sem enganos?
E se eu trocasse minha transparência por rubra paixão?
E se eu baralhasse minha feiura na minha delicadeza?
E se eu fosse uma calçada que atravessasse minha rua?
E se tu me amasses do meu jeito, além de nua e crua?
E se eu me revessasse de mim, com absoluta certeza?
E se eu me pendurasse na ponta das estrelas e sonho?
E se esse meu revessar for assim: um tanto medonho?
Uberlândia MG
Soneto infiel – sem métrica
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