Os braços
Rude este corpo, que entre os vis espinhos
caminhou, antevendo a atroz desgraça
desabrochando-se, alta, em sua graça,
fazendo reviver entes daninhos.
Sob o amargo pesar dos que sozinhos
vagueiam, sob o horror do sol que passa
marcando os dias, onde alguma traça
há de muito comer, qual no alvo linho,
todos os sonhos, vidas e esperança;
há também de comer os corpos vivos,
que hão de tornar-se escuros, vis e lassos.
Mas nesta dura pena há uma ilha mansa
onde o meu ser repousa dos castigos
quando se aninha no imo dos teus braços.