Sob a relva que o doce aroma exala

Sob a relva que o doce aroma exala,

abaixo das extensas pradarias

— onde fulgura a luz dos belos dias —,

há o lugar onde não se pode achá-la.

É onde deita o arcabouço, que ainda estala

sob o peso de terras bem macias,

as quais por fora dão o cantar às crias,

mas em seu imo tolhem qualquer fala.

Soturno, lúgubre, hirto e putrefato:

eis o corpo que nunca se renova,

que se desfaz no ventre do caixão.

Poeta, que contorna o acaso ingrato:

que morto, a apodrecer na amarga cova,

ainda há de pulsar seu coração!

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 29/12/2015
Reeditado em 29/12/2015
Código do texto: T5494427
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