IMPÉRIO D´ EL NIÑO
Sente-se a cada hora angústias e clamores,
Qualquer sítio do mundo é inseguro
E a vida humana, no seu ciclo duro,
Vai acentuando aqui e além um chão de horrores.
Eleva-se um calor agreste e inseguro
Sopram ventos e chuvas, sopram dores,
E cirandam tornados e adamastores
Arremessando os corpos para o vil monturo.
Engrossam-se nos rios seus ímpios caudais,
E as enxurradas galgam insensíveis
As bermas dos caminhos invisíveis
Enquanto as ondas se enfurecem abissais.
Paira pelo horizonte o imperioso El Niño,
O cavaleiro errante de Atacama,
Levando adiante a destruição que brama
Nas rudes chamas da floresta em desalinho.
Que guerra e que humores são estes, ó céus,
Que Império é este e que destino, ó meu Deus?!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA