Não sou a voz
Não sou a voz que escreve a poesia
O pensamento chega no vazio
Do tempo que transcorre sem alegria
Desde o momento em que o amor sumiu.
Mas o poema está dentro de mim
Vago, sem alma e cor, sem sensação
Que dê algo eficaz, que traga o fim
De uma dor que machuca o coração.
Sou o canto, mas não sou o autor
Sou o pensar tristonho, não a voz
Que voa pelos ares como flor.
Por isso meu sentir não tem a cor
Do arco-íris do céu, do voo veloz
Dos pássaros que cantam sem temor.
Mena Azevedo