Soneto
O sol que erige a relva verdejante
é o mesmo que produz o infértil ventre
nos ressequidos páramos, por entre
os galhos tortos, secos e inconstantes.
É a solidão que embala o grito arfante,
o qual sobe e se espalha sem que adentre
os ouvidos gentis de alguém que dentre
os homens ouça os brados e se espante.
E ouve-se o farfalhar de um passo curto
sobre o impiedoso solo, que, hirto e enxuto,
é a causa das lamúrias e de lástimas.
É alguém que do seu corpo molha o pó:
na terra vê os espinhos do suor
e as rosas que florescem de suas lágrimas.