Soneto

O sol que erige a relva verdejante

é o mesmo que produz o infértil ventre

nos ressequidos páramos, por entre

os galhos tortos, secos e inconstantes.

É a solidão que embala o grito arfante,

o qual sobe e se espalha sem que adentre

os ouvidos gentis de alguém que dentre

os homens ouça os brados e se espante.

E ouve-se o farfalhar de um passo curto

sobre o impiedoso solo, que, hirto e enxuto,

é a causa das lamúrias e de lástimas.

É alguém que do seu corpo molha o pó:

na terra vê os espinhos do suor

e as rosas que florescem de suas lágrimas.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 24/12/2015
Reeditado em 24/12/2015
Código do texto: T5489816
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