Como falar de amanhã...


Como falar de amanhã, erigi-lo em um museu
Que nos fale de um futuro que não mais virá,
Que se acabou, até mesmo antes de começar,
Que se findou antes de atingir seu apogeu...

Como falar de amanhã, se não existe um passado,
Este, que se desvaneceu em meio à bruma fria
De uma madrugada de chamas, não restou a poesia
Da calidez da língua, escombros de museu destroçado...

Como falar de amanhã, se desprezamos o presente,
Quando nem mais sabemos o que é sermos crianças,
Quando não expomos o que vai em nossas mentes...

Como falar de amanhã, ao calados ante as injustiças,
Ao vermos extintos os ideais e ceifada a esperança,
No desfilar de gerações a compactuarem, submissas?

Ante tantas atrozes dúvidas, eu me calo e me refugio
No íntimo de mim mesmo, só, em minhas andanças,
Levando comigo a lembrança de seu suave balbucio.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 22/12/2015
Código do texto: T5488264
Classificação de conteúdo: seguro