QUEM SEGUE O CORAÇÃO
Quem segue o coração tateia o escuro
de um quarto em que na porta havia cores,
no entanto permanece audaz, seguro
e certo de em seguida achar fulgores.
Na busca pelo brilho se escorrega
em polpa amolecida e pegajosa;
esfrega-se, animal, à cena cega,
rolando o corpo em massa misteriosa.
Entrega-se ao feitiço em breu do cheiro
que flui no chão do cômodo ignorado
e o gosto delirante, lambe inteiro.
Quem segue o coração se desatenta
e acaba todo sujo, lambuzado
com manga bem docinha e suculenta.