SILHUETAS

SILHUETAS

Na parede vazia, sem espelhos,

Fico olhando o reflexo do azulejo.

Silhuetas tão-somente ali eu vejo

Nos mosaicos cerâmicos vermelhos.

Se contra paixões não há bons conselhos,

Tampouco há más razões para o desejo...

Revela-se a beleza n’um lampejo:

Curvas de ombros, seios, nádegas e joelhos.

Formas feitas de luz com seus contornos

E acontece enxergar sem mais adornos

As nuas maravilhas femininas.

Por um breve momento quedo absorto:

No absurdo das silhuetas, o olhar torto

Retém montes-de-vénus nas retinas.

Belo Horizonte – 02 02 1992