À DERIVA
Baixel quão triste, nessas águas turvas,
De esse nauta que lento, dor profunda,
Qual demora, que nessa alma já inunda,
Aflição, enlevo, por entre essas curvas!
Rasgando o salso argento por entre ondas,
Olhar de um horizonte, à tarde linda,
A ânsia de uma alma, o dia que finda,
Lembranças de outrora que ainda ronda!
Baixel que de encontro aquele encanto,
Não teme dessas águas a procela,
Encontre-me, em minh'alma todo o pranto!
Porquanto, tu gentil fremosa e bela,
Vagueia teu olhar com todo espanto,
O meu encanto, é beijar a boca dela!