À DERIVA

Baixel quão triste, nessas águas turvas,

De esse nauta que lento, dor profunda,

Qual demora, que nessa alma já inunda,

Aflição, enlevo, por entre essas curvas!

Rasgando o salso argento por entre ondas,

Olhar de um horizonte, à tarde linda,

A ânsia de uma alma, o dia que finda,

Lembranças de outrora que ainda ronda!

Baixel que de encontro aquele encanto,

Não teme dessas águas a procela,

Encontre-me, em minh'alma todo o pranto!

Porquanto, tu gentil fremosa e bela,

Vagueia teu olhar com todo espanto,

O meu encanto, é beijar a boca dela!

fcemourao
Enviado por fcemourao em 21/12/2015
Código do texto: T5486962
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