Saudade
Um grito, vontade de embrenhar-me em teu cheiro,
Esse sentimento informe que me pega, pega de jeito,
E não só sentir, mas ser, estar e permanece no peito,
Notar a maciez do meu querer apalpar-te por inteiro,
Todos os meus eus estão em comum acordo, loucos,
Todos eles têm o mesmo ruído, e a mesma proposta.
E eles se interagem prometedores por uma resposta,
Discutem em voz alta, mas entendem-se aos poucos.
Saudade é mistura de tudo de bom, com sei lá o quê.
O desejo de ir, de continuar e voltar no transcorrido,
Doce cítrico, com certo aperto de algo a viver, vivido.
Saudade é uma força que te move, te deixa à mercê,
É um monstrinho que, ora dorme, ora vive acordado,
Medo de cruzar a rua e desencontrar-te do outro lado.
Uberlândia MG
Soneto infiel – sem métrica
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