"sinestesicamente eu"
Às vezes eu me explico, ora nem sei quem sou,
Minhas pupilas gastas, por comer com os olhos,
Esses olhos que te percorreu e tua tez acariciou,
Esses que em cestas te trazem flores aos molhos.
Às vezes eu me explico, ora nem sei quem sou,
A minha boca te abraça em vocábulo engolido,
E essa boca que da pontinha do lábio te beijou,
Essa que te discursa e silencia em ato lambido.
Às vezes eu me explico, ora nem sei quem sou,
Sabor acre que adocica tua vontade que é nossa,
Com quereres queimante que da alma se apossa.
Às vezes eu me explico, ora nem sei quem sou,
A minha casca tênue te grita calada em arrepios,
E os meus poros transpiram desejos tão vadios.
Uberlândia MG
Soneto infiel – sem métrica
http://raquelordonesemgotas.blogspot.com.br/