"sinestesicamente eu"

Às vezes eu me explico, ora nem sei quem sou,

Minhas pupilas gastas, por comer com os olhos,

Esses olhos que te percorreu e tua tez acariciou,

Esses que em cestas te trazem flores aos molhos.

Às vezes eu me explico, ora nem sei quem sou,

A minha boca te abraça em vocábulo engolido,

E essa boca que da pontinha do lábio te beijou,

Essa que te discursa e silencia em ato lambido.

Às vezes eu me explico, ora nem sei quem sou,

Sabor acre que adocica tua vontade que é nossa,

Com quereres queimante que da alma se apossa.

Às vezes eu me explico, ora nem sei quem sou,

A minha casca tênue te grita calada em arrepios,

E os meus poros transpiram desejos tão vadios.

Uberlândia MG

Soneto infiel – sem métrica

http://raquelordonesemgotas.blogspot.com.br/

Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 18/12/2015
Código do texto: T5483962
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