O teu sorriso
Não temo nem anseio pela morte,
a qual é mais amena do que a vida,
pois, se deixa num tempo a alma sofrida,
dá os meios p’ra que então se reconforte.
Diante do Juiz eu serei forte,
manterei firme a voz e a fronte erguida;
pagarei por qualquer regra infringida
que faz com que o caminho bom se entorte.
E quando eu alcançar o sono eterno,
temendo as labaredas do ermo inferno,
Deus há de me legar o paraíso.
Mas antes do tombar da carne à terra,
saberei que de mim antes se enterra
minha dor, que morreu em teu sorriso.