O MITÔMANO

O MITÔMANO

Um contador de histórias muito mente,

Quando emula a verdade ao pormenor.

Assim sua mentira tem sabor

D'uma realidade outra tão-somente.

Por fabulista tomem-no realmente,

Se tanto o ouvinte quanto o seu leitor

Quedam perplexos diante do candor

Com que sustenta o falso em sua mente.

A verdade é que lhe é o verdadeiro

Apenas quanto possam os sentidos

Haver de verossímil ao embusteiro.

E a mentira lhe tem a aura d'havidos,

Que por força de muito imaginar

Voltam, em sua boca, a ter lugar.

Belo Horizonte – 16 12 2005