À DERIVA

À DERIVA

Perdidos já o leme e a vela, corro

Os olhos pelo oceano a ver o abismo

Onde aprecio em meio ao cataclismo

Alvas sereias cantando enquanto morro.

Vem tão-só um petrel em meu socorro

E pouco pôde diante do que cismo

A tempestade é um vão paroxismo

Meu ao Universo sob olhar pachorro.

Não tenho muito tempo: Já a quilha

Deixará de sulcar às ondas altas,

Que se elevaram contra as minhas faltas.

Castigo ou não, resta a maravilha

De saber quanto pode o amor, por sorte

Em me levar, certeiro, até a morte.

Betim - 15 12 2015